Alzheimer: reconheça os sinais prematuros da doença

20 Setembro, 2018

Alzheimer: reconheça os sinais prematuros da doença

A cada três segundos é diagnosticado um novo caso de demência no Mundo. No total, são afetadas 47,5 milhões de pessoas e só a doença de Alzheimer representa 60% a 70% dos casos, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Em Portugal, estima-se que existam 182 mil pessoas com demência.

São números alarmantes de uma doença degenerativa bastante temida e que não tem cura. Começa com pequenos esquecimentos, normalmente aceites pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento e que se agravam progressivamente.

As pessoas com Doença de Alzheimer passam a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmas.

A doença vai evoluindo e as pessoas tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, vão perdendo a mobilidade, a fala e passam a necessitar de cuidados e supervisão permanente, até mesmo para as atividades elementares do quotidiano como comer, lavar-se ou vestir-se.

Sinais de alerta

Na Doença de Alzheimer o diagnóstico precoce é fundamental. Cabe aos familiares e cuidadores a capacidade de detetar alguns sinais de demência ou doença de Alzheimer, sobretudo nas pessoas com mais idade ou que apresentem alterações comportamentais.

Para tal, a Alzheimer Portugal, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, disponibilizou uma lista de sinais de alerta que facilita a tarefa e permite um apoio atempado a quem mais necessita.

1. Perda de Memória

Um dos sinais mais comuns da Doença de Alzheimer, especialmente nas fases iniciais, é o esquecimento de informações recentes. Outros exemplos incluem o esquecimento de datas importantes ou eventos, repetir a mesma pergunta várias vezes, usar auxiliares de memória ou mesmo membros da família para as coisas que habitualmente se lembrava por si mesmo.

2. Dificuldade em planear ou resolver problemas

Algumas pessoas podem perder a capacidade de desenvolver e seguir um plano de trabalho, trabalhar com números, seguir uma receita familiar ou gerir as suas contas mensais. Podem ter muitas dificuldades de concentração e levar muito mais tempo para fazer coisas que habitualmente faziam de forma mais rápida.

3. Dificuldade em executar tarefas familiares

Podem ter dificuldades em conduzir até um local que já conhecem, gerir um orçamento de trabalho ou em lembrar-se das regras do seu jogo favorito. A pessoa com Doença de Alzheimer pode ser incapaz de preparar qualquer parte de uma refeição, ou esquecer-se de que já comeu.

4. Perda da noção de tempo e desorientação

As pessoas com Doença de Alzheimer podem perder a noção de datas, estações do ano e da passagem do tempo. Às vezes podem até esquecer-se de onde estão ou como chegaram até lá.

5. Dificuldade em perceber imagens visuais e relações espaciais

Para algumas pessoas, ter problemas de visão pode ser um sinal de Doença de Alzheimer. Podem ter dificuldades de leitura, dificuldades em calcular distâncias e determinar uma cor ou o contraste.

6. Problemas de linguagem

As pessoas com doença de Alzheimer podem ter dificuldades em acompanhar ou inserir-se numa conversa. Podem parar a meio da conversa e não saber como continuar ou repetir várias vezes a mesma coisa.

7. Trocar o lugar das coisas

As pessoas com Doença de Alzheimer podem colocar as coisas em lugares desadequados,  perder os seus objetos e não serem capazes de voltar atrás no tempo para se lembrarem de quando ou onde o usaram. Às vezes, podem até acusar os outros de lhes roubar as suas coisas.

8. Discernimento fraco ou diminuído

As pessoas com Doença de Alzheimer podem sofrer alterações na capacidade de julgamento ou tomada de decisão. Por exemplo, podem não ser capazes de perceber quando os estão claramente a enganar e ceder a pedidos de dinheiro.

9. Afastamento do trabalho e da vida social

As pessoas com Doença de Alzheimer podem começar a abandonar os seus hobbies, atividades sociais, projetos de trabalho ou desportos favoritos. Podem começar a demonstrar dificuldade em assistir a um jogo do seu clube até ao fim, como faziam antes, ou podem esquecer-se de acabar alguma atividade que começaram.

10. Alterações de humor e personalidade

O humor e a personalidade das pessoas com Doença de Alzheimer pode alterar-se. Podem tornar-se confusos, desconfiados, deprimidos, com medo ou ansiosos. Alguém com a Doença de Alzheimer pode apresentar súbitas alterações de humor, da serenidade ao choro ou à angústia, sem que haja qualquer razão para tal facto.

Causas

Genética

Menos de metade dos casos desta doença são de causa hereditária, ou seja, é passado pelos pais ou avós da pessoa, que acontece em pessoas mais jovens, entre 40 e 50 anos.

Acúmulo de proteínas no cérebro

Observou-se que pessoas com a doença de Alzheimer têm um acúmulo anormal de proteínas, chamadas proteína Beta-amiloide e proteína Tau.

Diminuição do neurotransmissor acetilcolina

A acetilcolina é um importante neurotransmissor liberado pelos neurónios, com um papel muito importante para transmitir os impulsos nervosos do cérebro e permitir que este funcione adequadamente.

Ambiente

O Alzheimer também se manifesta devido à condições que são influenciadas pelos nossos hábitos, e que causam inflamação no cérebro, como:

  • Excesso de radicais livres (causados por  uma alimentação inadequada, rica em açúcares, gorduras e alimentos industrializados, além de hábitos como fumar, não praticar atividade física e viver sob stresse);
  • Colesterol elevado;
  • Aterosclerose (excesso de gordura nos vasos sanguíneos). É causada pela tensão alta, diabetes, colesterol elevado e tabagismo;
  • Idade acima dos 60 anos (com o envelhecimento o corpo não consegue reparar as alterações que podem surgir nas células, o que aumenta o risco de doenças);
  • Lesão Cerebral (traumatismos cranianos, acidentes, prática de desportos ou AVC);
  • Exposição a metais pesados, como o mercúrio e alumínio. Substâncias tóxicas que se podem acumular e causar lesões em vários órgãos do corpo, inclusive no cérebro.

Uma excelente forma de evitar a Doença de Alzheimer é ter hábitos de vida saudáveis, preferindo uma alimentação rica em vegetais em detrimento dos produtos industrializados.

Diagnóstico

O médico é a pessoa indicada para iniciar o processo de diagnóstico. Após avaliar os sintomas e solicitar os exames necessários, pode fazer um diagnóstico preliminar e o encaminhamento para um médico especialista – neurologista ou psiquiatra.

O Diagnóstico pode incluir a realização de:

  • Uma história clínica detalhada, fornecida, se possível, pela pessoa que apresenta a sintomatologia e por um familiar ou amigo próximo;
  • Um exame físico e neurológico;
  • Exames laboratoriais, que incluem uma variedade de análises ao sangue e à urina, para despistarem qualquer doença responsável pelos sintomas;
  • Outros exames especializados, como por exemplo: Raio X, Electroencéfalograma (EEG), Tomografia Axial Computorizada (TAC), Análises do Líquido Raquidiano ou Ressonância Magnética;
  • Uma avaliação neuropsicológica para avaliar as funções intelectuais (memória, capacidades de leitura, escrita e cálculo)
  • Uma avaliação psiquiátrica para identificar perturbações tratáveis que podem disfarçar a Demência – como por exemplo: depressão e monitorizar os sintomas psiquiátricos que podem ocorrer juntamente com a Demência (ansiedade e delírios).

Fases da doença

Fase inicial do Alzheimer

No estágio inicial, podem surgir sintomas como:

  • Alterações da memória (dificuldade em lembrar-se onde guardou as chaves de casa, o nome de alguém ou de um local onde esteve);
  • Desorientação no tempo e no espaço (não saber em que dia está ou como achar o caminho para casa);
  • Dificuldade para tomar decisões simples (planear as refeições ou as compras);
  • Repetir constantemente a mesma informação;
  • Perder o interesse por atividades que costumava de fazer;
  • Mudança do comportamento e alterações de humor.

Nesta fase, a pessoa não se lembra de situações recentes mas recorda memórias antigas, o que torna mais difícil perceber que pode ser sinal de Alzheimer.

Fase moderada do Alzheimer

Progressivamente os sintomas agravam-se e podem surgir:

  • Dificuldade para cozinhar ou limpar a casa (deixar o fogão ligado ou servir alimentos crus);
  • Incapacidade de fazer a higiene pessoal (esquecer-se de tomar banho, usar a mesma roupa constantemente e andar sujo);
  • Dificuldade em comunicar (dizer frases sem qualquer sentido e com pouco vocabulário);
  • Dificuldade para ler e escrever;
  • Desorientação em locais conhecidos (perder-se dentro da própria casa, urinar no balde do lixo);
  • Alterações do comportamento e alucinações (ouvir e ver coisas que não existem);
  • Alterações do sono (pode trocar o dia pela noite).

Nesta fase, a pessoa torna-se depende de terceiros. Já não consegue realizar as tarefas diárias, devido à confusão mental. Além disso, vai perdendo a mobilidade

Fase avançada do Alzheimer

Na fase mais avançada da doença, os sintomas anteriores intensificam-se e surgem outros:

  • Não memorizar qualquer informação nova e não se recordar de informações antigas;
  • Esquecer os familiares, amigos e locais conhecidos (incapacidade de reconhecer o nome ou o rosto);
  • Ter incontinência urinária e de fezes;
  • Dificuldade para engolir alimentos;
  • Apresentar comportamentos inapropriados (arrotar e cuspir no chão, por exemplo);
  • Perder habilidade para fazer movimentos simples (como por exemplo comer com uma colher;
  • Dificuldade em andar.

*Os conteúdos são informativos e não pretendem substituir pareceres de cariz profissional e científico.