“Estima-se que 2 por cento da população tenha insuficiência cardíaca. No entanto, este número sobe exponencialmente com a idade e pode atingir os 10 por cento em doentes com mais de 65 anos”. Quem o diz é Ana Oliveira Soares, criadora e responsável pela Consulta de Insuficiência Cardíaca do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), acrescentando que esta patologia é a “causa mais frequente de hospitalização de pessoas com mais de 65 anos”.
A cardiologista destaca a importância da criação, em 2005, da Consulta de Insuficiência Cardíaca (CIC) – atualmente mais completa e inserida num Programa de Insuficiência Cardíaca -, caracterizando-a como uma estrutura que permite aumentar e melhorar o tempo e a qualidade de vida dos doentes, sendo, em simultâneo, uma mais-valia em termos económicos.
Ana Oliveira Soares recorda que a ideia da criação desta consulta surgiu após uma formação que fez no estrangeiro e onde teve oportunidade de conhecer este tipo de estruturas direcionadas para doentes com insuficiência cardíaca.
Quando regressou, a cardiologista abordou, na altura, seu diretor de serviço, propondo-lhe a criação da consulta. “Na época, tinha apenas cinco doentes, atualmente vejo cerca de 12 doentes por tempo de consulta. Numa média total de 450 consultas por ano”, recorda Ana Oliveira Soares. Atualmente, são realizadas entre 1000 a 1200 consultas por ano
Em 2016, após a criação do Hospital de Dia de Medicina e Especialidades Médicas, a Consulta de Insuficiência Cardíaca passou a contar com a colaboração da equipa de Enfermagem. “Antes da consulta médica, é feita uma avaliação pelos enfermeiros, que procedem a uma recolha do historial do doente, dando-lhe conselhos de estilo de vida, alimentação, entre outros”, refere.
Após esta intervenção por parte da Enfermagem, os doentes são observados em consulta médica.
Uma área em crescimento
A Consulta de Insuficiência Cardíaca tem vindo a crescer e a desenvolver-se dentro do HFF e conta já com três cardiologista: Ana Oliveira Soares, David Roque e Inês Fialho.
Além desta consulta e em plena pandemia covid-19, estes profissionais deram início à consulta precoce pós-alta (CPPA), que, de acordo com Ana Oliveira Soares, se destina aos doentes com insuficiência cardíaca, que tiveram alta do Serviço de Cardiologia. “Os doentes são observados entre o 7.º e o 14.º dia pós-alta”, indica.
“A curto prazo aguardamos a implementação de Programa de Telemonitorização Não Invasiva de Doentes com Insuficiência Cardíaca Crónica”, avança Ana Oliveira Soares.