Lidar com uma doença em fase terminal não é fácil, tanto para o doente como para a sua família.
Os familiares confrontam-se muitas vezes como uma decisão difícil: prolongar a vida do paciente, mesmo que isso inclua sofrimento contínuo ou procurar manter a melhor qualidade de vida no tempo que resta.
Para muitas famílias, os cuidados paliativos são uma opção viável. Este tipo de tratamento envolve dar atenção às necessidades emocionais, espirituais e sociais de pacientes com doenças terminais, para os ajudar a ter uma vida digna ao lado de pessoas queridas até o último momento e, ao mesmo tempo, controlar o sofrimento.
Doenças como o cancro, a SIDA e doenças neurológicas graves e progressivas implicam frequentemente a necessidade de cuidados paliativos.
Muitos doentes necessitam de ser acompanhados durante semanas, ou meses antes do fim de vida.
A Organização Mundial de Saúde identifica os princípios universais:
• Proporcionar o alívio da dor e outros sintomas geradores de sofrimento.
• Afirmar a vida e encarar a morte como um processo natural.
• Não apressar ou adiar a morte.
• Integrar os aspetos psicológicos e espirituais dos cuidados ao doente.
• Promover um sistema de suporte global que ajuda o doente a viver o mais ativamente possível.
• Ajudar a família do doente a lidar com a doença, assim como também no seu luto.
• Privilegiar uma abordagem multidisciplinar, e em equipa, para lidar com as necessidades do doente e da sua família.
• Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o desenvolvimento da doença.
• Devem ser iniciados logo início da doença.
Normalmente, o conceito de cuidados paliativos é associado a doentes idosos ou pessoas com uma doença terminal, contudo nem sempre é assim. Os cuidados paliativos destinam-se a várias idades e patologias. A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos identifica quais os doentes destinatários dos cuidados paliativos:
• Com malformações congénitas ou outras situações que dependam de terapêutica de suporte de vida ou apoio de longa duração.
• Com qualquer doença aguda, grave e ameaçadora da vida (tais como traumatismos graves, leucemia, acidente vascular agudo).
• Com doença crónica progressiva, tal como doença vascular periférica, neoplasia, insuficiência renal ou hepática, AVC com significativa incapacidade funcional, doença cardíaca ou pulmonar avançada, fragilidade, doenças neurovegetativas e demência.
• Com doença ameaçadora da vida, mas em que a opção foi não fazer tratamento orientado para a doença ou de suporte/prolongamento da vida e que requeiram este tipo de cuidados.
• Com lesões crónicas e limitativas, resultantes de acidente ou outras formas de trauma.
• Em fase terminal (demência em estádio final, cancro terminal, acidente vascular gravemente incapacitante) que não têm possibilidade de recuperação ou estabilização.
As equipas de Cuidados Paliativos são multidisciplinares compostas por médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica, psicólogos, assistentes sociais, assistentes espirituais e voluntários para ajudar os doentes a viver tão ativamente quanto possível até ao fim.
• Identificar e tratar de sintomas físicos que pode ser dor, falta de ar, vómitos, fraqueza ou insónia.
• Identificar e cuidar de sentimentos ou sintomas psicológicos negativos, como a angústia ou tristeza.
• Observar e apoiar nas dificuldades sociais, que podem prejudicar o cuidado, como a ausência de um cuidador.
• Reconhecer e apoiar nas questões espirituais, como oferecer auxílio religioso ou orientações em relação ao sentido da vida e da morte.
Em suma, os cuidados paliativos constituem uma resposta indispensável aos problemas do final da vida. Em nome da ética, da dignidade e do bem-estar é preciso torná-los cada vez mais uma realidade.
“Vida com Dignidade e Qualidade até ao fim” é mote da campanha de sensibilização desenvolvida pela Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) no âmbito do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, que se assinalou a 14 de outubro de 2017.