Dia Mundial da Alergia – testemunho de utente do HFF

8 Julho, 2023

Assinala-se hoje, 8 de julho, o Dia Mundial da Alergia, uma iniciativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da World Allergy Organization – Organização Mundial da Alergia, uma data instituída para alertar a população para uma das doenças mais comuns do mundo, que pode manifestar-se com sintomas ligeiros ou moderados, mas, em casos extremos, levar à morte.

As alergias são reações exageradas do organismo – do sistema imunitário – à exposição a determinados estímulos ou substâncias existentes no ambiente. Esses estímulos denominam-se alergénios e para a maioria das pessoas são inofensivos, mas na pessoa com alergia a presença desse elemento é interpretada erradamente como “invasora”, e é desencadeado um processo de inflamação que pode ir desde uma breve irritação na pele até a um potencialmente fatal “choque anafilático”.

Em Portugal, e de acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, estima-se que as alergias afetem uma em cada três pessoas.

Já dados da Organização Mundial de Saúde apuram que haja mais de mil milhões de pessoas afetadas no globo com algum tipo de alergia e mais de um quarto da população já desenvolveu alguma reação alérgica a algum fármaco. De acordo com a OMS, a prevalência das doenças alérgicas está a aumentar em todo o mundo, tal como a sua complexidade e a gravidade, especialmente entre crianças, idosos, imunossuprimidos e portadores de doenças crónicas.

Com apenas onze anos de idade, Tiago começou a manifestar reações alérgicas entre os quatro e os cinco anos. E já por diversas vezes e com diversas substâncias sofreu a mais grave reação alérgica – o choque anafilático, ou anafilaxia.

“Sente-se uma queimadura, como se fôssemos à praia, sem protetor solar, e parece que alguma coisa nos impede de respirar”, explica Tiago.

Neste momento, após vários exames de diagnóstico específicos realizados no HFF, sabe perfeitamente as substâncias que não pode nunca ingerir ou estar próximo, sob pena de colocar a sua vida em risco – entre os quais camarão, frutos secos e pelos de animais…

A medicação e acompanhamento médico são essenciais em casos como o de Tiago. A caneta de adrenalina anda sempre consigo, para o caso de algo correr mal, na escola, e todos os seus professores sabem o que fazer em caso de emergência.

A sua mãe diz que as refeições fora de casa são reduzidas ao mínimo e em locais da máxima confiança, porque sabe que os perigos andam sempre à espreita. A leitura dos rótulos de todos os alimentos adquiridos é um hábito adquirido.

Acabado de concluir com notas excelentes o ano letivo, Tiago é uma criança com uma infância idêntica à de todas as outras. “Não há nada que eu não possa fazer por causa das alergias”. Mesmo não podendo ter gatos nem cães, tem sete animais de estimação, que enumera com orgulho: “uma família de quatro periquitos, duas aves do Brasil, chamados agapornos, e três chinchilas”.

O choque anafilático é uma condição com risco de vida que, apesar de todos os cuidados da pessoa alérgica, pode ser facilmente desencadeado, por exemplo, num jantar com amigos, por negligência de um empregado de mesa ou do cozinheiro que desconsiderou o impacto da presença do alergénio na saúde da pessoa que vai ingerir a comida servida.

Se estiver a acompanhar alguém que enfrente um quadro de anafilaxia, ligue de imediato 112, pois é necessária ajuda médica emergente.