Gerir as camas hospitalares sempre a pensar no utente

26 Junho, 2017

A gestão das camas hospitalares disponíveis para internamento constitui um ponto fulcral na melhoria de resposta que o hospital pode oferecer à sua população, racionalizando recursos e evitando complicações relacionadas com a acomodação deficitária dos utentes, nomeadamente permanência por tempo excessivo em regime de Serviço de Urgência (SU).

 

Por outro lado, o Planeamento de alta hospitalar (PAh) obedece a critérios que vão muito além da simples gestão da situação do doente. O planeamento da alta não deve ser um processo conduzido unicamente pelo médico assistente do utente, mas sim por uma equipa multidisciplinar (médico, enfermeiro, assistente social (AS), administrativa do serviço), para que no momento da alta não existam obstáculos não clínicos que possam ser impeditivos da mesma. A falha no planeamento de alta pode conduzir a internamentos mais prolongados e por sua vez, a cuidados menos ajustados aos utentes.

O planeamento de alta deve ter como objetivos fundamentais:

  • Garantir que a alta clínica seja coincidente com a saída efetiva do Hospital;
  • Assegurar maior eficácia na continuidade de cuidados pós alta;
  • Promover maior eficiência na utilização do internamento;
  • Promover a participação da família no cuidado ao utente;
  • Promover o trabalho de equipa para a alta do utente;
  • Identificar precocemente utentes com menor apoio familiar e/ou social, de modo a que a saída do hospital seja coincidente com a alta clínica garantindo assim a continuidade de cuidados;
  • Aumentar a satisfação do utente e família.

 

A Equipa de Gestão de Altas /Gestão de Camas tem a percepção de que é fundamental a promoção de planeamento de alta precoce, com envolvimento de todos os profissionais, utente e família/cuidados principal, de modo a mitigar as situações extremas.

Com o objetivo de melhorar toda a dinâmica de gestão de camas e altas hospitalares a EGA/GEC implementou para 2016 e 2017, um conjunto de medidas de forma a complementar as já existentes, que se resumem nos seguintes pontos:

  • Dinamização das transferências de utentes do SU para enfermarias;
  • Implementação de reuniões semanais em todos os serviços referenciadores (medicinas, cirurgias, ortopedias, etc);
  • Divulgação dos objetivos institucionais aos profissionais do internamento e serviço de urgência, explicando a importância da sinalização/referenciação precoces;
  •  Melhoria da dinâmica de referenciação dos utentes à RNCCI e a utilização mais eficaz das camas de internamento cirúrgico;
  • Implementação da estratégia de envio diário da sinalização automática aos serviços de internamento (email diário para enfermeiros chefes e enfermeiros responsáveis);
  •  Monitorização mensal dos utentes sinalizados/referenciados por serviço;
  • Intervenção da EGA/GEC nas situações mais complexas, com promoção de reuniões multidisciplinares com familiares;
  • Introdução de toda informação respeitante à referenciação na plataforma da RNCCI/ aplicativo Gestcare.

 

Para 2017, o objetivo institucional é mais complexo, preconizando-se a necessidade de os utentes serem referenciados à Rede Nacional de Cuidados Continuados integrados (RNCCI) ,sempre que existam critérios, nos quatro dias que precedem a alta clínica. Para que o objetivo seja cumprido, o processo tem que estar completo na Plataforma da RNCCI, o que implica estarem devidamente preenchidos todos os módulos do respetivo aplicativo: de Enfermagem, Médico e do Serviço Social.

 

A Equipa de Gestão de Altas/Gestão de Camas continua a desenvolver-se e a redefinir-se diáriamente, no sentido de dar resposta aos novos desafios e necessidades que surjem. Todavia mantemos a permissa que o seu dia a dia continuará a ser de proximidade dos serviços e das equipas, pois o todo é certamente diferente da mera soma das partes.

 

Alguns Dados sobre a Equipa de Gestão de Altas /Gestão de Camas do HFF

  • surgiu em 2005 como resposta a um ambiente adverso, provocado pelo aumento exponencial na afluência ao Serviço de Urgência, e a consequente sobrelotação equipa única de gestão de camas/altas
  • inicialmente implementado a nível do Serviço de Urgência Geral e do Departamento de Medicina, estendeu-se a todos os Departamentos do hospital, fruto do crescente aumento da atividade assistencial ao longo dos anos.
  • Atualmente composta por 3 enfermeiros e uma administrativa a tempo inteiro, 4 médicos a tempo parcial, um médico coordenador e uma assistente social.
  • principais responsabilidades:
    • Harmonizar as práticas de gestão de utentes;
    • Monitorizar a duração do internamento dos utentes;
    • Comunicar o nível de atividade do Hospital;
    • Garantir a atribuição da cama adequada;
    • Melhorar a resposta aos picos de procura;
    • Contribuir para a avaliação estratégica.