Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal – o contributo do Serviço de Gastrenterologia do HFF no combate a esta doença

19 Maio, 2023

Celebra-se hoje o “Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal” (DII), uma efeméride do calendário da literacia em saúde, que pretende tornar visível o invisível, sensibilizando e consciencializando a comunidade para a DII e para o seu impacto no quotidiano dos/das doentes e das suas famílias.

São muitas as pessoas que vivem com uma DII em silêncio e há uma incidência crescente nas últimas décadas: estima-se que afete cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo e em Portugal, estão diagnosticados aproximadamente, 25.000 doentes com DII. Diarreia grave, dores abdominais, fadiga e perda de peso são os sintomas associados mais comuns, de quem chega pela primeira vez com a suspeita de ter uma DII.

A DII, que inclui a Colite Ulcerosa e a Doença de Crohn, é uma doença complexa, que consiste na existência de inflamação crónica do intestino. No caso da Doença de Crohn, esta atinge todas as camadas da parede do intestino e pode manifestar-se em qualquer segmento do trato gastrointestinal, desde a cavidade oral até ao ânus. Na Colite Ulcerosa é afetada a mucosa, a camada mais superficial da parede do intestino grosso (colón e o reto).

A equipa médica do Serviço de Gastrenterologia do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), dedicada à DII, é composta por cinco assistentes hospitalares e três médicas internas de formação específica, prestando cuidados de excelência a mais de 600 doentes no contexto da consulta de doença inflamatória intestinal.

A disponibilidade e proximidade são essenciais no acompanhamento do doente, para identificar as suas necessidades particulares e articular com as restantes valências hospitalares, nomeadamente com o Hospital de Dia e outras especialidades médicas, numa perspetiva integrativa da prestação de cuidados de saúde a estes doentes, permitindo o seu acompanhamento clínico multidisciplinar, reavaliação clínica permanente e administração de alguns dos medicamentos.

É perfeitamente normal que conheça alguém que tem uma DII. Efetivamente, é uma doença que se pode manifestar em qualquer idade, principalmente nos adultos jovens, a partir dos 20 anos.

Esta é uma patologia crónica e sem cura, que tem um grande impacto na qualidade de vida dos /das doentes: basta imaginar que diarreias graves, com ou sem sangue, fazem parte dos sintomas mais frequentes. Outros sintomas frequentes incluem o emagrecimento e a dor abdominal. Os/As doentes podem apresentar sintomas extraintestinais, sendo os mais comuns relacionados com as articulações, a pele e os olhos. A saúde mental e reprodutiva são de particular importância pois também podem ser afetados.

A instituição de terapêutica e seguimento em consulta de Gastrenterologia diferenciada é fundamental para prevenir as agudizações e complicações e tentar modificar a história natural da doença. A sua causa é desconhecida, no entanto considera-se que existem vários fatores envolvidos, nomeadamente, imunológicos, genéticos, microbiológicos e ambientais.

O diagnóstico de DII realiza-se através de colonoscopia total com biópsias, análises ao sangue e fezes, podendo ser complementada por estudo imagiológico.

Ao longo dos anos, o tratamento tem tido uma evolução significativa. O surgimento dos medicamentos biológicos e inibidores de pequenas moléculas, vieram permitir modular a evolução da doença, reduzindo as complicações e melhorando a qualidade de vida dos/das doentes. A cirurgia pode ser uma opção em casos selecionados, nomeadamente em doentes que não respondam à terapêutica médica. Na comunidade, existem recursos de apoio aos doentes, como é o caso da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, com várias iniciativas, acesso facilitado a consultas de nutrição e psicologia e espaço de partilha de experiências.