Decorreu recentemente mais uma Sessão do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF) e teve como tema “Doença renal na diabetes tipo 2: papel da biópsia renal”. Nesse sentido a sessão esteve a cargo dos/das médicos/as Fernando Domingos, Inês Alexandre e Ana Pires– do Serviço de Nefrologia do HFF.

A doença renal diabética constitui a principal causa de doença renal crónica em Portugal. No entanto, doentes com diabetes podem também apresentar outras etiologias para a doença renal. Nestes casos, a realização de biopsia renal permite a obtenção de um diagnóstico definitivo e realização de terapêutica dirigida. Tratando-se de um método diagnóstico invasivo e por isso com riscos é necessário selecionar os/as doentes que podem vir a beneficiar da realização desta técnica.

Neste âmbito, o Serviço de Nefrologia do HFF realizou um estudo observacional com o objetivo de avaliar a presença de doença renal não diabética em doentes com diabetes tipo 2. Foram incluídos os/as doentes com diabetes tipo 2 com biópsia no Serviço de Nefrologia do HFF, entre 2011 e 2022. Os resultados do estudo mostraram que 50% dos/das doentes apresentavam doença renal não diabética; doentes com nefropatia diabética apresentavam valores significativamente mais elevados de relação albumina/creatinina urinária; e que a presença de retinopatia diabética é fortemente preditora da presença de nefropatia diabética, no entanto, a sua ausência não nos permite excluir a presença de nefropatia diabética. Nos/nas doentes com doença renal não diabética os diagnósticos mais frequentes foram a nefroangiosclerose hipertensiva, a glomerulosclerose segmentar e focal, a nefrite intersticial aguda e a nefropatia membranosa.