Existem três medidas para avaliar quando uma pessoa está acima do peso considerado ideal. A medida mais utilizada e padrão na OMS é o índice de massa corporal (IMC).
O IMC é calculado dividindo o peso da pessoa pela sua altura elevada ao quadrado. Assim, uma pessoa que meça 1,70 m e pese 60kg, deve fazer o cálculo seguindo a fórmula de IMC:
= 60 ÷ (1,70 x 1,70)
= 60 ÷ 2,89
= 20,76
A OMS define como peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Acima deste valor fala-se em excesso de peso. Mas quando o IMC ultrapassa os 30 já se trata de obesidade. É considerada obesidade mórbida quando o valor do IMC ultrapassa os 40.
O excesso de peso significa que há mais gordura no corpo do que o ideal para uma vida saudável. Já a obesidade é uma acumulação de gordura muito acima do normal, com impacto na saúde em geral, que ocorre quando o número de calorias ingerido é superior ao gasto.
Os números da obesidade em Portugal não são animadores. Os resultados do último Inquérito Nacional de Saúde, de 2014, mostram que mais de metade da população portuguesa adulta vive com excesso de peso. Mais de 1,4 milhões sofrem de obesidade. E só 3,8 milhões de portugueses estão dentro da relação saudável entre peso e altura.
Mais preocupante ainda é o último estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. A investigação concluiu que cerca de 60% dos portugueses sofre de obesidade ou vive em risco de desenvolver essa condição. Mais especificamente, a obesidade afeta 22% dos portugueses e há 34% em situação de pré-obesidade. O estudo baseou-se nos dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016.
Estes números preocupantes estão, entre outras causas, ligados a hábitos de vida mais sedentários e à transformação de hábitos alimentares.
Ao longo das últimas décadas, houve um aumento do consumo de cereais refinados, açucares e gorduras saturadas. Este consumo em excesso de calorias veio substituir a tradicional alimentação mediterrânica, rica em cereais integrais, peixe, vegetais, fruta e azeite.
Mas o excesso de peso e a obesidade não resultam simplesmente de comer em excesso. Ou de serem feitas más escolhas do ponto vista nutricional. A genética está também na origem da obesidade.
Tanto o excesso de peso como a obesidade levam a um aumento do risco cardiovascular. Estima-se que a hipertensão seja duas vezes e meia mais frequente nos indivíduos obesos do que em pessoas com peso normal.
A obesidade pode levar ao aparecimento de doenças crónicas cardíacas e respiratórias, da diabetes tipo II, além de problemas como artrose ou refluxo gastroesofágico.
A obesidade provoca ainda problemas emocionais e sociais, como o bullying e outras formas de discriminação. E é responsável por baixar a autoestima e afetar negativamente o rendimento escolar.
A obesidade afeta, de uma forma geral, a longevidade e a qualidade de vida.
Um dos pontos de partida para combater o excesso de peso e a obesidade passa por fazer mudanças no seu estilo de vida. A regra base é manter o gasto calórico do corpo igual ou superior à quantidade de calorias ingeridas.
Uma das primeiras formas de tratar a obesidade é alterar os hábitos alimentares.
É importante fazer uma dieta equilibrada e variada, rica em legumes, cereais integrais, fruta e peixe. Devem ser reduzidos os alimentos com açúcar e as gorduras saturadas, presentes sobretudo nas gorduras processadas industrialmente, carnes vermelhas, manteiga e lacticínios gordos.
Deve-se procurar saber com que tipo de nutrientes se vai abastecer o organismo. É recomendado que coma várias vezes ao dia, em porções suficientes para se sentir saciado.
Além de uma mudança de hábitos alimentares, é essencial praticar exercício físico e fazê-lo, de início, de uma forma gradual. Caminhadas, andar de bicicleta ou fazer natação podem ser uma boa opção. A regularidade é importante. E, sempre que possível, devem-se fazer as deslocações diárias a pé.
Tão importante como emagrecer é manter um peso saudável ao longo do tempo. Muitas pessoas conseguem perder peso em tempo recorde. No entanto, o mais comum é que estas “dietas relâmpago” resultem, pouco tempo depois, no inverso: a recuperação do peso, acompanhada, frequentemente, de um aumento superior ao peso original.
É indicado que estruture um plano alimentar sob orientação de um nutricionista.
Nos doentes com um IMC acima de 35, a cirurgia deve ser considerada no plano de tratamento, mediante consulta com um médico.