Psoríase: vamos entender a doença?

26 Abril, 2018

Psoríase: porque aparece e como tratarA Psoríase é uma doença de pele, crónica, caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas, em geral com placas brancas, que afeta cerca de 250 mil portugueses.

A sua gravidade é bastante variável, podendo existir casos em que a doença se apresenta de forma leve e são rapidamente tratados, até casos mais extensos e graves, podendo levar à incapacidade física.

As lesões avermelhadas e descamativas aparecem, com maior frequência, em zonas como o couro cabeludo, cotovelos, joelhos.

A doença não é contagiosa e pode surgir em qualquer idade, sendo mais comum em pessoas de pele branca.

Tipos de Psoríase

Segundo a Associação Portuguesa de Psoríase, existem diferentes tipos da doença, classificados de acordo com o seu aspeto clínico:

 

 

Psoríase no couro cabeludo

É a forma mais frequente e atinge cerca de 80% dos doentes. Pode surgir em qualquer idade, mas é mais frequente nos adultos com menos de 40 anos.

É também mais sintomática do que outras formas da doença, sendo frequente a comichão, grandes lesões e pele avermelhada, «escamas», «caspa» e descamação. As lesões podem estender-se à face, pescoço ou por trás das orelhas.

Psoríase em placas ou psoríase vulgar

Este tipo representa a grande maioria dos casos de psoríase. As lesões têm relevo, são vermelhas e cobertas por escama prateada. O número, dimensão e extensão das lesões é variável e depende das diferentes fases da evolução da doença.

Surgem sobretudo nos cotovelos, joelhos, região lombar e couro cabeludo, embora possam afetar qualquer área do corpo cobrindo, nos casos mais graves, extensas áreas do tronco e membros.

Psoríase gutata

É menos frequente que a anterior e afeta sobretudo crianças e jovens, por vezes na sequência de uma faringite. Aparece geralmente de forma súbita, com lesões de menores dimensões em forma de gota que ocupam áreas extensas do tronco e membros. Pode desaparecer definitivamente após o primeiro episódio ou evoluir para uma psoríase vulgar.

Psoríase inversa

A designação desta forma de psoríase resulta de uma localização «inversa» das lesões cutâneas, ou seja, privilegiando as pregas, como axilas, virilhas ou por baixo dos seios. As lesões são vermelhas, brilhantes e não têm escamas evidentes.

Psoríase eritrodérmica

Esta é uma forma generalizada de psoríase, na qual a pele de toda a superfície corporal adquire um aspeto vermelho e inflamado. Este tipo de psoríase é muito grave devido ao risco associado de desenvolvimento de complicações.

Psoríase com Pústulas

Algumas formas de psoríase caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas «bolhas» cheias de pus (pústulas).

A mais frequente é a pustulose palmo-plantar, na qual estas lesões surgem sobre um fundo avermelhado nas palmas das mãos e plantas dos pés, por vezes com descamação abundante e fissuras dolorosas. É de difícil tratamento, podendo ter uma evolução crónica com surtos de agravamento.

Existe uma forma generalizada de psoríase pustulosa, rara e grave, que pode surgir subitamente ou evoluir a partir do agravamento de uma psoríase em placas. É acompanhada de sintomas como febre e mau estar e tem um risco elevado de desenvolvimento de complicações, algumas das quais potencialmente fatais.

Causas da doença

A doença pode surgir em qualquer pessoa, porém, tem um padrão genético (em que se um familiar direto tiver, as probabilidades de ter a doença aumenta em 40%). No entanto, existem outros fatores que podem desencadear a psoríase:

  • Infeções na garganta e de pele;
  • Lesões na pele, como feridas, queimaduras do sol ou outras, de natureza física, química, elétrica, cirúrgica ou inflamatória;
  • Stress;
  • Variações climáticas;
  • Fumo;
  • Alguns tipos de medicamentos, como antidepressivos;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Alterações do metabolismo.

Sintomas

Muitas vezes, os sintomas da psoríase podem ser confundidos com alergia. É preciso prestar atenção aos sinais e, em caso de dúvida, procurar um dermatologista:

  • Lesões avermelhadas na pele, cobertas com uma camada branca e descamativa;
  • Pequenas manchas vermelhas no corpo;
  • Pele seca, com facilidade para sangramento;
  • Unhas espessas e esfareladas, amareladas, descoladas e com uma espécie de pequenos furos na superfície;
  • Inchaço nas articulações;
  • Articulações doridas;
  • Placas e descamações no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.

Como tratar

Não existe cura definitiva mas os tratamentos atuais permitem controlar os sintomas. O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença.

Cerca de 80% dos casos a doença é ligeira e as lesões tratam-se com a aplicação local de loções, cremes ou pomadas sobre a pele, como emolientes, corticosteroides tópicos, análogos da vitamina D, alcatrão ou ditranol.

A helioterapia, ou seja, a exposição à luz solar melhora a maioria dos casos e é o tratamento mais barato, contudo, a proteção solar é essencial, assim como, restringir a exposição aos horários seguros.

A exposição da pele, em sessões regulares, a fontes artificiais de luz ultravioleta (UV), a chamada Fototerapia, com doses de UV adequadas também é uma opção.

Nos casos mais graves ou em que os tratamentos anteriores não resultem, é necessária a toma de medicamentos, que implicam o acompanhamento médico.

Evitar as crises

Apesar de não ter cura, é possível tomar medidas para evitar as crises da doença:

Hidratar a pele

As pessoas com Psoríase devem usar hidratantes corporais indicados especialmente pelo médico. Devem utilizá-los várias vezes ao dia, principalmente nas zonas em que costumam aparecer as lesões.

Evitar as esfoliações

A esfoliação não é indicada para pacientes que sofrem de psoríase. O procedimento de esfoliar pode causar sequelas na pele, desencadeando uma nova crise.

Apanhar sol

Apanhar sol é recomendado, mas sempre com alguns cuidados, nomeadamente quanto ao horário de exposição, que deve ser até às 10h da manhã e após as 16h da tarde.

Quanto à duração da exposição, não deve estar exposto ao sol durante mais de 10 minutos seguidos. Este tempo é suficiente para aproveitar o efeito anti-inflamatório do sol.

Tomar banhos rápidos

O banho dos doentes com psoríase deve ser rápido, com sabonetes neutros. No final, é importante utilizar uma toalha macia e não esfregar, tendo especial atenção às regiões com lesões.

O diagnóstico de psoríase deve ser sempre feito por um dermatologista sendo que, pode ser necessária, a confirmação com biópsia de pele.

Os conteúdos são informativos e não pretendem substituir pareceres de cariz profissional e científico.