A segurança dos utentes nos serviços de saúde tem-se transformado numa das preocupações prioritárias dos sistemas de controlo de qualidade. As quedas de pessoas quando ocorridas nas unidades de saúde, sejam durante o seu internamento ou mesmo durante qualquer outra situação de prestação de cuidados, são das ocorrências mais significativas com possível dano para o utente.
Em 1998 foi criado o Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas pela Direção da Enfermagem do Hospital Fernando Fonseca e em 2009, foram informatizados todos os dados. O Grupo é constituído por uma equipa multidisciplinar da qual fazem parte: Enfermeiros dos departamentos de Medicina, Cirurgia e Pediatria e com especialidade em Reabilitação, uma Fisiátra, um Terapeuta Ocupacional, uma Fisioterapeuta e um Técnico Superior. Este Grupo está inserido na Direção da Qualidade e Segurança.
As quedas de utentes nos hospitais são eventos com causas individuais ou ambientais, podendo aumentar a mortalidade ou morbilidade na qualidade de vida do utente (quer por perdas de funcionalidade, quer por medo de voltar a cair), resultando em última instância no aumento dos custos com cuidados de saúde.
A diferença entre o ambiente hospitalar e o doméstico gera alterações de espaço e organização do individuo, que podem representar uma grande mudança principalmente para os utentes mais idosos ou com maior dificuldade de ajustamento a alterações desse ambiente. As alterações das condições físicas das pessoas internadas, associadas ou não à causa que motivou o internamento, coloca-as numa situação de maior vulnerabilidade com frequentes compromissos do seu funcionamento físico e psicológico.
Nas causas que influenciam as quedas podem estar presentes fatores de risco intrínsecos e/ou extrínsecos. Os intrínsecos são os associados às características do indivíduo e às mudanças agregadas à idade e às condições clínicas. Os extrínsecos são normalmente associados às condições do ambiente hospitalar.
A avaliação do risco de queda é monitorizada através da Escala de Morse, na qual são avaliados os fatores relacionados com o utente. O PR 0609 T QUAL GGR V3 – Avaliação de Risco e Prevenção de Queda no Utente Adulto é o procedimento transversal que dá suporte à utilização da escala e às respetivas intervenções dos cuidados de enfermagem associados.
O Sistema de Notificação de Ocorrências do HFF, associado à Gestão do Risco elenca as quedas como a ocorrência mais reportada. Permitindo uma fonte de análise valiosa. Com base nos dados recolhidos desde 2009 o Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas apurou que:
Da análise dos dados recolhidos verificou-se que os fatores de risco associados mais reportados são: idade, alterações da marcha, sedentarismo, doenças associadas, terapêuticas associadas, espaço físico, mobiliário, iluminação inadequada, obstáculos no meio envolvente, vestuário e calçado impróprio.
A identificação dos fatores de risco mais significativos é uma etapa importante no sentido de adequar uma metodologia de prevenção adequada, visando uma mudança de comportamentos com o objetivo da melhoria da qualidade de vida dos utentes e um consequente aumento de ganhos em saúde.
A ocorrência de uma queda acarreta importantes consequências para o indivíduo e instituições, sendo a sua prevenção o objetivo prioritário a alcançar pelo Grupo de Prevenção e Controlo de Quedas. Neste sentido o Grupo promove o envolvimento de todos os profissionais de saúde do HFF nesta problemática e direcciona esforços na sensibilização sobre a importância da prevenção, da informação/formação de todos os profissionais, bem como de utentes e suas famílias visando melhorar a segurança de todos no nosso Hospital.