O serviço de Cardiologia elaborou um projeto chamado de “Family First Aid” / “SBV para Familiares” que tem em vista aumentar a literacia em saúde da população que serve, considerando que alguns doentes continuam com risco aumentado de paragem cardiorrespiratória face à população normal inclusive após a alta. O objetivo principal do projeto passa por criar um programa de treino em SBV para familiares de doentes em risco de morte súbita cardíaca após a alta hospitalar do serviço de Cardiologia.
Este projeto inovador começou a ser pensado e desenhado ainda durante o ano de 2022, vendo agora a luz do dia.
São incluídos no projeto os doentes/familiares que cumpram alguns requisitos, tais como risco aumentado de PCR e familiares que concordem em participar no treino de SBV. O material utilizado na formação de SBV é cedido pela escola de reanimação do HFF.
A primeira sessão teve lugar no dia 29/02/2024 e contou com a presença de 4 familiares de 4 doentes diferentes, que acederam a estar presentes e aumentar assim os seus conhecimentos em manobras de SBV. O feedback que se obteve por parte dos familiares foi extremamente positivo.
Na Europa, a paragem cardíaca afeta 55 a 113 habitantes por 100 mil habitantes/ano. De acordo com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entre 2013 e 2014 ocorreram mais de 23 mil paragens cardiorrespiratórias (PCR) pré-hospitalares, sendo que, apenas em 15% dos casos, foram realizadas manobras de suporte básico de vida (SBV) antes da chegada de ajuda especializada.
A paragem cardiorrespiratória é um evento súbito e consiste na interrupção ou falência súbita das funções cardíaca e respiratória, ocorrendo maioritariamente fora do hospital. Quando as manobras de reanimação cardiorrespiratórias são iniciadas precocemente, a probabilidade de sobrevivência da vítima aumenta significativamente. A cada minuto que passa, após uma PCR, a vítima perde 10% de hipóteses de sobrevivência sem sequelas neurológicas.
Um estudo de 2019 do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, demonstrou que quase 80% da população reconhece ter poucos conhecimentos ou conhecimentos residuais de SBV, sendo que apenas 20% reportam um conhecimento adequado. Na verdade, apenas 15% das pessoas responderam corretamente a 70% ou mais das questões colocadas e apenas 1,8% acertam em todas as respostas sobre as manobras de SBV. A falta de conhecimento vai desde a posição das mãos (“centro do peito”), à profundidade recomendada para a realização das compressões (cinco a seis centímetros) e à frequência recomendada das compressões (100 a 120 compressões por minuto). O treino da população geral para o reconhecimento da paragem cardiorrespiratória e a realização de SBV tem sido recentemente propulsionado por várias sociedades nacionais e internacionais.
Está já programada uma nova sessão de SBV para familiares, para ser realizada entre abril e maio.
