Hoje é um dia cheio de significado. Se fosse vivo, Fernando Fonseca, o notável médico que deu nome a este hospital, faria 127 anos.
Fernando da Conceição Fonseca nasceu a 26 de abril de 1895. Foi o segundo de quatro filhos de um casal de professores e viveu os seus primeiros anos no seio de uma família tradicional portuguesa.
Estudou no Liceu Pedro Nunes e licenciou-se em Medicina, em 1918, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo terminado o bacharelato em Medicina com a classificação final de 18 valores.
Integrou o Corpo Expedicionário Português, como alferes médico na I Guerra Mundial, e, devido aos seus feitos, recebeu a Medalha da Vitória e foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo.
Em 1918 foi assistente na primeira clínica médica do Hospital de Santa Marta, sob orientação do professor Pulido Valente. Depois de um estágio em Berlim, em 1923, foi aprovado para Médico dos Hospitais Civis de Lisboa em 1929.
Seguiu-se a carreira académica. Em 1933, foi aprovado para Professor Agregado da Faculdade de Medicina de Lisboa e passou a reger a cadeira de Doenças Infectocontagiosas. Em 1943 foi aprovado, no concurso de provas públicas, para Professor Catedrático de Propedêutica Médica da Faculdade de Medicina de Lisboa.
A 20 de julho de 1946, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, pelos relevantes serviços prestados ao ensino médico em Portugal, mas terá recusado receber a condecoração.
Participação política alvo de represálias
Em 1947, o ilustre Professor, que nunca se tinha interessado pela política, foi convidado a participar numa grande reunião do Movimento de Unidade Democrática – MUD – que se realizou na Voz do Operário.
A intervenção de Fernando Fonseca sobre a saúde em Portugal e a sua comparação com outros países europeus foi das mais aplaudidas. Mas estes aplausos iriam custar-lhe a sua carreira na Função Pública.
Após o encontro político, Fernando Fonseca e outros brilhantes professores e médicos, como Pulido Valente, foram demitidos e depois compulsivamente aposentados, tendo sido, assim, excluídos da universidade e da carreira médica hospitalar, por decreto de Salazar. A sua exoneração da Função Pública, quer como médico, quer como professor, chocou muita gente.
Recusou o pedido de reintegração na Faculdade de Medicina feito pelo seu amigo Presidente da República, Almirante Américo Tomás.
Morreu em 1974, no dia 20 de julho.
A 13 de julho de 1981, foi agraciado, a título póstumo. Foi-lhe, nessa data, atribuído o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Mais tarde, em sua homenagem, foi atribuído o seu nome a esta instituição.