Solução tecnologicamente inovadora na reabilitação auditiva de jovens e adultos
A equipa de Otorrinolaringologia do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF), liderada pelo médico Filipe Freire, Diretor do Serviço, realizou esta semana o primeiro implante osteointegrado OSIA do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Trata-se de uma solução minimamente invasiva e tecnologicamente muito avançada, que vem contornar a existência de áreas danificadas do sistema auditivo (ouvido externo e/ ou médio), enviando o som diretamente para a cóclea, responsável pela função auditiva, que se situa no ouvido interno. Esta solução passa agora a estar disponível para todos quantos diariamente lidam com problemas de surdez ou perda auditiva – crianças e jovens a partir dos 10 anos, adultos e idosos.
Este inovador sistema de reabilitação auditiva que chega agora ao SNS pelas mãos do HFF é diferente de qualquer outro sistema de implante auditivo existente. É composto por duas partes independentes: o implante ativo, totalmente colocado cirurgicamente por debaixo da pele, atrás da orelha, sem qualquer elemento externo, e o processador de som, que é fixado no exterior, no couro cabeludo, com recurso apenas a uma conexão magnética. Os microfones duplos do dispositivo captam os sons do exterior, que são convertidos digitalmente pelo processador e transmitidos através da pele até ao pequeno implante de titânio, integrado no osso. Este, por sua vez, conduz as vibrações do crânio até ao ouvido interno. Sem quaisquer interferências, o ouvido interno transforma-as em impulsos elétricos que viajam pelo nervo auditivo e que são interpretados pelo cérebro como sons. Esta tecnologia é particularmente inovadora porque é independente das áreas danificadas do ouvido externo ou médio que os pacientes possam ter.
João Lagos, aos 70 anos e com uma vida muito ativa a nível desportivo, jogando todos os dias pelo menos hora e meia de ténis, recebeu esta semana no HFF uma nova esperança. E revela assim a sua gratidão. “Sou um grande fã do Serviço Nacional de Saúde e dos seus profissionais, sem dúvida alguma! Tenho tido muito boas experiências e não acho que tenha sido por sorte, nem porventura devido ao facto de eu ser uma pessoa com maior exposição pública que me tratam lindamente – constato que é uma rotina no SNS. Vejo o que se passa aqui, à minha volta, e não há distinção entre doentes. Há um carinho e dedicação muito grandes de todos os profissionais. Sou fã!”, afirma.
O empresário explica como a perda de audição lhe afeta desde sempre a vida: “O meu problema auditivo é crónico, e tem vindo a agravar-se. Nunca sei como é que é o dia de amanhã pois a minha audição é muito inconstante! Às vezes fico sem ouvir muitas semanas seguidas e agora, este implante, esta nova tecnologia, vai-me permitir ter sempre audição, independentemente da inflamação do ouvido médio”, explica, sem nervosismos, à entrada do Bloco Operatório “Para mim ouvir é tudo! Sou um contador de histórias! Todos os meus projetos desportivos começaram sempre por ser um sonho, que para se tornar realidade exige que eu fale e oiça muito! Às vezes até fico admirado como fiz todo o percurso que fiz com esta deficiência auditiva!”, confessa.
Filipe Freire, Diretor do Serviço de Otorrinolaringologia do HFF, que liderou a equipa de oito profissionais de saúde envolvidos nesta cirurgia pioneira do SNS afirma: “O HFF tem conseguido acompanhar a enorme evolução tecnológica que tem existido na área de otorrino e na da reabilitação auditiva, em particular. É um desafio para nós, profissionais de saúde, e também exige coragem por parte do Hospital, porque são evoluções tecnológicas que têm o seu custo. No entanto, no final do dia, é uma aposta ganha: porque conseguimos mais qualidade de vida para os nossos doentes, oferecendo-lhes uma melhor capacidade auditiva”. Filipe Freire sublinha, também: “O HFF pode orgulhar-se do percurso que tem feito ao serviço da população que serve, desde 2014, quando iniciou o seu programa de implantes cocleares, até à data de hoje, no marco simbólico do primeiro implante osteointegrado OSIA do SNS.”
Esta tecnologia pode ser aplicada a crianças e jovens, adultos e séniores, explica o Diretor do Serviço de Otorrinolaringologia: “Esta é uma solução de aplicação muito transversal, porque a perda auditiva também acontece em todas as idades, dos zero aos cem anos. Por um lado, os problemas de audição aumentam devido a uma maior longevidade e aumento da esperança de vida. Por outro, ao nível da surdez congénita, o HFF tem uma maternidade com um número de nascimentos muito significativos no panorama nacional e nascem na nossa instituição crianças surdas, às quais damos também resposta”, garante o Diretor de Serviço de Otorrinolaringologia do HFF.
Filipe Freire deixa uma mensagem de esperança à população com perda auditiva: “Hoje só fica surdo quem quiser: há um alargado conjunto de soluções de reabilitação auditiva no HFF”.
Os utentes com queixas ou dificuldades auditivas devem ser referenciados através dos médicos de família, através dos Centros de Saúde dos concelhos da Amadora e de Sintra, para a Consulta de Otorrinolaringologia Geral do HFF. Os casos passam, posteriormente, para a esfera e avaliação de uma equipa multidisciplinar por parte da equipa de reabilitação auditiva do HFF.