O centésimo paciente da Unidade de Hospitalização Domiciliária do HFF

16 Julho, 2021

O dia começa cedo na Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF). Pelas oito da manhã, a equipa de retaguarda da UHD finaliza os preparativos para mais um dia de prestação de cuidados de saúde ao domicílio.

Este passo do planeamento da atividade da UHD é um trabalho menos visível, mas essencial: é na “base” da UHD que todo o equipamento necessário e medicação dos doentes internados são preparados, identificados, conferidos e, depois, acomodados numa grande mochila azul impermeável.

A equipa que vai estar no terreno, composta por um médico e um enfermeiro, chega à base antes das nove horas e troca impressões e tira notas com a equipa de retaguarda sobre alguma evolução dos pacientes durante o período da noite, tal como se existir uma nova admissão de um doente, ou uma alta a conceder na visita, levando consigo a tramitação do processo para entregar ao paciente.

Não há dias iguais quando a UHD sai para o terreno. Faça chuva ou faça sol haverá cinco doentes, pelo menos cinco tipologias de doenças a tratar, haverá cinco casas, cinco cuidadores da família, e localizações geográficas que podem ser completamente díspares – desde o prédio com elevador no centro da Amadora, até à residência mais isolada na serra de Sintra.

Quando a campainha toca no quinto andar de um prédio no centro da Brandoa, Amadora, quem recebe a equipa UHD, devidamente paramentada, é o bem-disposto do cão sénior “Becas”. Ele é o fiel amigo de João Lopes, de 58 anos, o paciente nº 100 da UHD do HFF, que foi admitido neste modelo de hospitalização depois de uma visita ao Serviço de Urgência do HFF no início do mês de julho, e diagnosticado com uma infeção aguda do rim.

Dentro do espaçoso apartamento, muito diferente do ambiente de uma enfermaria de um hospital, encontram-se também dois grandes gatos, na sua indolente independência, que ignoram a presença da equipa médica e enfermagem da UHD do HFF. O mesmo não acontece com “Becas”, que não larga o dono um segundo e, por isso, tem que ser provisoriamente fechado na assoalhada contígua, sob protesto e audíveis latidos.

Finalizada a consulta e a administração de terapêutica são dadas recomendações ao doente e à sua cuidadora e relembrados os contactos telefónicos para qualquer dúvida ou alteração do estado de saúde. Felizmente, a evolução do paciente João Lopes foi muito favorável e já teve alta da UHD, tendo inclusive retomado a sua atividade profissional.

Até ao final do ano, a UHD do HFF tem como objetivo chegar aos 500 doentes apoiados por este modelo de internamento domiciliário. A experiência tem sido, até ao momento, muito positiva.