Prevenção do suicídio: atenção aos sinais de alerta

10 Setembro, 2018

Apesar de ainda ser um assunto tabu na nossa sociedade, o suicídio encontra-se entre as 10 principais causas de morte em Portugal e em todo o mundo. No nosso país, anualmente, suicidam-se cerca de 1000 pessoas, com maior incidência em pessoas com mais de 64 anos e na região Alentejo.

As tentativas de suicídio são mais frequentes nas mulheres (envenenamento é um dos métodos mais utilizados), mas os homens são mais propensos a completá-lo, porque normalmente usam métodos mais eficazes e mais potencialmente letais (armas).

No suicídio, tal como noutras doenças mentais, o mais fácil é olhar para o lado e mascarar a realidade. Mas todos temos o dever de estar informados sobre o problema e unir esforços para ajudar quem se encontra em sofrimento.

Reconhecer os sinais de alerta

Os sinais de alerta variam de acordo com a personalidade de cada um, mas costumam seguir um padrão. Conhecer estes sinais permite intervir a tempo e, quem sabe, salvar vidas.

  1. Mudanças de comportamento, como por exemplo deixar de praticar algum hobbie, deixar de cuidar da aparência.
  2. Mudanças de humor drásticas: tristeza, sensação de vazio, irritabilidade, sentimentos fortes de culpa ou vergonha
  3. Falar sobre suicídio – por exemplo, dizer expressões como “Vou-me matar”, “A minha vida não tem sentido”, “Estariam melhor se eu desaparecesse”, “Não aguento mais viver assim”, “Não vejo nenhuma saída/luz ao fundo do túnel”, “Ninguém me entende” ou “Quero morrer”.
  4. Melhorias ou períodos de calma súbitos: a pessoa aceitou a decisão de cometer suicídio e pode simular uma melhoria para levar a cabo o plano.
  5. Faltar ao trabalho ou à escola. A pessoa que está em sofrimento intenso isola-se e passa a faltar ao trabalho, à escola ou à faculdade. Apesar de ser visto como «irresponsabilidade», trata-se de um sintoma de sofrimento grave e independente da idade.
  6. Adquirir meios para acabar com a própria vida, como comprar uma arma ou comprimidos
  7. Dizer adeus às pessoas como se não fosse vê-las novamente
  8. Tentar resolver assuntos pendentes: pode indicar a existência de um plano para cometer suicídio
  9. Ameaças: a maior parte das pessoas que pensa cometer suicídio avisa alguém próximo. Este aviso não deve ser ignorado ou encarado apenas como uma forma de chamar a atenção.
  10. Aumento do consumo de bebidas alcoólicas, drogas e remédios. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, remédios e drogas são agravantes para uma pessoa com tendências suicidas. O ato suicida, apesar de envolver um plano, acontece num momento de impulso.
  11. Tentativas anteriores: muitas vezes, os suicídios são precedidos por tentativas anteriores.

Fatores de risco

  • Perda de um ente querido, ruturas, problemas financeiros ou legais.
  • Problema de abuso de substâncias (drogas, álcool, ou comprimidos)
  • Acesso a armas ou outros letais
  • Histórico familiar de transtornos mentais, suicídios, violência, abuso físico ou sexual.
  • Transtorno psiquiátrico, como a depressão grave, stress pós-traumático ou transtorno bipolar.
  • Ter doenças crónicas, dor crónica ou doença terminal.

As intenções ou pensamentos suicidas devem ser sempre levados a sério. É importante manter-se próximo, informar outras pessoas próximas e estar atento.

A depressão, «o bicho» que mata

A depressão é a doença que mais contribui para as mortes por suicídio, a chegarem aos 800 mil por ano em todo o mundo. O suicídio é mesmo a segunda principal causa de morte em pessoas dos 15 aos 29 anos. O mesmo não se verifica em Portugal, onde é mais comum em pessoas mais idosas, nomeadamente com doenças crónicas incapacitantes e que vivam sós.

Atenção redobrada a uma alegria sem explicação

Doentes com depressão severa e que planeiam o suicídio podem simular uma melhora repentina. Portanto, se uma pessoa muito deprimida se mostrar subitamente feliz, é importância acompanhá-la para garantir que não vá tentar tirar a própria vida.

Como ajudar e prevenir o suicídio

Quando suspeita que alguém possa estar com pensamentos suicidas, o importante é tentar entender o que está a acontecer e quais os sentimentos associados.

Não tenha medo de perguntar à pessoa porque é que a pessoa está triste, deprimida e se está a pensar em suicídio.

De seguida, procura a ajuda de um profissional qualificado (psicológico ou psiquiatra).

Uma boa opção é ligar para a SOS Voz Amiga – primeira linha telefónica em Portugal de apoio em situações agudas de sofrimento -, pela linha verde gratuita 800 209 899, que funciona entre as 21 e as 24 horas.

A maioria das tentativas de suicídio são impulsivas, por isso, é importante retirar todo o material que possa ser utilizado pela pessoa para se suicidar (facas, armas ou comprimidos) dos locais onde passa mais tempo. Essa precaução evita comportamentos de impulsividade e faz com que tenha mais tempo para pensar numa solução menos agressiva para os problemas.

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